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quarta-feira, 28 de agosto de 2024

As Categorias de Base do Feminino no Sport Club Internacional

Foto: 1987/Estádio Beira-Rio. Em pé- Setembrino, Lígia, Iolanda, Duda, Aline, Iracema, Lacy, Bette, Éverton (técnico); Sentadas - Silvia, Hilda, Maninha, Márcia, Rejane, Mariana, Líria e  Agachadas - Chuvisco, Izabel, Maria Jussara, Ângela, 
⚽Proibido durante 40 anos, o futebol feminino só foi regulamentado no Brasil em 1983. No mesmo ano, o Internacional abriu a sua Divisão de Futebol Feminino. As nossas pioneiras foram vitoriosas no primeiro gre-Nal válido pela modalidade e se sagraram campeãs do primeiro Campeonato Gaúcho de Futebol Feminino da história. Esse foi o início de cinco títulos consecutivos do Internacional. Na primeira década do futebol feminino regulamentado, só o Inter representou o Rio Grande do Sul no campeonato nacional. Nestes anos, nosso time contava com a participação de Iolanda, atacante do segundo quadro que tinha 18 anos quando ingressou na equipe. Com ela, Duda Luizelli, com apenas 14.

⚽Os times de futebol feminino foram iniciados sem categorias de base. As jovens jogadoras, às vezes menores de idade, ingressavam nas equipes principais sem formação adequada. Entretanto, essas mulheres sabiam da importância da formação e por isso, muitas delas, aproximadamente 14 jogadoras, dentre elas as destacadas Bel, Duda e a capitã Bette, se formaram em educação física enquanto eram jogadoras do Inter. Outras jogadoras seguiram carreiras em outras áreas do conhecimento, como a própria Iolanda, que se formou em ciências contábeis. Num momento em que o futebol feminino não era profissionalizante, estas jogadoras utilizaram do futebol para se profissionalizar mesmo assim.
Duda Luizelli
A falta de uma preparação de base permaneceu até 1996, quando a ex-jogadora Duda Luizelli abriu a primeira escolinha de futebol feminino do Rio Grande do Sul. Sediada no Parque Gigante, a escolinha chegou a receber 300 meninas nos treinos que aconteciam duas vezes por semana no ano 1998. Essa foi a primeira vez que um um grupo de meninas teve a possibilidade de estudar dentro de um grande clube de futebol. Esta escolinha revelou inúmeras jogadoras para as equipes principais do Inter e, eventualmente, para outros clubes. Dessa escolinha, surgiu a zagueira Mônica Hickmann, convocada para disputar a Copa do Mundo e campeã de duas taças da Copa América com a seleção brasileira. Ela começou a jogar futebol no Inter devido à estrutura oferecida pelo clube. Nesta época, já existiam categorias de base femininas isentas para formação no Internacional. Com apenas 14 anos, Mônica passou no teste para integrar a equipe sub-17. Essa categoria marca o início da base feminina no Inter.

⚽Em 2017, dois anos antes da obrigatoriedade de equipes femininas profissionais e de base para os clubes que disputam a série A do campeonato brasileiro, o Internacional reabriu o Departamento de Futebol Feminino com as categorias sub-13, sub-15, sub-17 e sub-20. Atualmente, as Gurias Coloradas contam com a categoria sub-11, o que representa um avanço importante na estrutura do futebol feminino brasileiro. É significativo que um clube do tamanho do Internacional invista na formação de jogadoras. Porque as categorias de base são, tradicionalmente, um orgulho do Internacional. A base feminina do Inter é a única do país a vencer todos campeonatos nacionais possíveis. As gurias são campeãs brasileiras sub-16, sub-17, sub-18, e as únicas campeãs sub-20. Também há neste currículo, uma Libertadores sub-16 em 2020 e muitos títulos estaduais. Dessas equipes saíram incontáveis jogadoras que hoje jogam como profissionais e já passaram pelas seleções profissionais e de base. Foi a nossa base que revelou a medalhista olímpica e artilheira da Copa Libertadores, Priscila. Mas antes de encarar a Cata Coll, a Priscila encarou o processo de se tornar uma jogadora profissional. Os títulos da base são importantes, mas servem apenas para destacar o bom trabalho de formação realizado diariamente no CT do Sesc.

Performance de 2019

Também é uma alegria olhar para essa história e perceber o avanço no investimento em estrutura e profissionalização do futebol feminino. O campeonato brasileiro de futebol feminino sub-20 existe apenas há três anos, mas esta iniciativa, ainda que recente ou tardia, indica a mudança de mentalidade da confederação em relação à formação de jogadoras. Nós não podemos nos esquecer que a luta pelo futebol feminino existe há mais de 40 anos e nós fazemos parte deste processo. Digo nós, no coletivo, porque o que futebol feminino mais precisou em todos estes anos foi continuidade: constância de treinos, sequência de campeonatos, continuidade das equipes. Persistência em insistir que o futebol feminino merece atenção, investimento e visibilidade. Nós somos a continuidade de todas que vieram antes de nós, defendendo o futebol feminino do Inter dentro e fora das quatro linhas. Que nós jamais esqueçamos que o futebol é um direito conquistado (primeiro pelos pobres, depois pelos negros e depois ainda pelas mulheres). E que o futebol feminino é uma das ferramentas mais poderosas de liberdade, autodeterminação e união.











  Sub-17, equipe bi campeã do Brasileirão
 












Texto: 
Anna Laura Chepp

Fontes:
Acervo Núcleo de Memória do Sport Club Internacional (Arquivo Histórico SCI/Biblioteca Zeferino Brazil - FECI/Museu do Inter Ruy Tedesco) e @scinternacional
CBF Divulgação