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terça-feira, 9 de novembro de 2021

Consciência Negra e a história do Sport Club Internacional.

📷 Livro O Gigante da Beira Rio 
 No Brasil desde a década de 1970 no mês de novembro, mais especificamente no dia 20 de novembro, é celebrado o dia da Consciência Negra, a ocasião é dedicada à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira. A data foi escolhida por simbolizar o dia atribuído à morte de Zumbi dos Palmares, em 1695, o maior líder negro do Brasil, que lutou pela libertação contra o sistema escravista.
Em síntese Consciência Negra representa a luta dos negros contra a discriminação racial e a desigualdade social, gerando por parte da pessoa negra, um sentimento identitário, o entendimento da necessidade de união de forças e estratégias junto aos seus irmãos em torno da causa de sua atuação frente ao racismo e a discriminação social vigente.
Historicamente o Sport Club Internacional é reconhecido como “O Clube do Povo”, inicialmente por seus fundadores, em 1909, serem pertencentes da camada popular da cidade de Porto Alegre, posteriormente pela integração de negros no grupo de jogadores e no quadro social do clube.
Na década de 1940 a grande série de vitórias e conquistas do “ Rolo Compressor”, time colorado formado por um número expressivo de negros, característica atípica nos clubes de futebol de maior expressão do período, contribuiu para a que a torcida e dirigentes de outros clubes, utilizassem apelidos depressiativos contra a torcida colorada. Já na década de 1950 a imagem de um menino negro tornou-se o símbolo colorado na imprensa, e com o passar dos anos a imagem do menino deu lugar a um Saci- Pererê, o qual foi adotado como mascote oficial do clube em 2016, o único mascote negro entre os grandes clubes do Brasil.
A relação entre o clube e o povo, que perpassou pelo total apoio dos torcedores colorados na construção do Estádio Beira-Rio em 1969, ganhou nova perspectiva na década de 2010, quando o atleta Rentería passou a comemorar seus gols, caracterizando-se e imitando um Saci-Pererê. 
📷 Jornal do Inter Ed. 22/2006
O gesto de Rentería, que jogou no grupo profissional multicampeão de 2005 e 2006, o aproximou do torcedor e provocou um carinho muito especial ao celebrar o gol com a simbologia do Saci, símbolo da torcida colorada enraizado nas décadas anteriores.
Na atualidade, dois atletas do elenco profissional colorado ganharam destaque ao comemorar seus gols, ambos utilizando gestos que trazem à tona a luta antirracista. O primeiro foi Patrick, que em 2018 passou a comemorar seus gols fazendo o gesto e utilizando a máscara do personagem Pantera Negra, o segundo foi Taison, jogador oriundo das categorias de base colorada que sofreu com o racismo atuando na Europa, retornou ao clube em 2021 e comemora seus gols fazendo gesto antirracista.

📷 Diego Vara/BP Filmes - Globo Esporte - 26/06/2018

📷 Site Sport Club Internacional

O racismo existente na sociedade brasileira é evidenciado constantemente nos estádios de futebol desse país, a história do Sport Club Internacional possui uma série de episódios em que o clube e sua torcida transformaram insultos racistas em símbolo de resistência. Possuir em seu elenco jogadores profissionais que possuem engajamento na luta antirracista é mais uma forma de registrar na história do clube essa assinatura. Para alguns pode ser apenas um gesto, no entanto essas atitudes contribuem de forma singular para a luta da população negra contra a discriminação racial e a desigualdade social enfrentada.
📷 Site Sport Club Internacional

Texto: Professor Vander Duarte - Arquivista, Historiador, Mestre em Patrimônio Cultural - @profvanderduarte

Fontes:
Acervo /Arquivo Histórico SCI/Biblioteca Zeferino Brazil/Sport Club Internacional
Livro O Gigante da Beira-Rio entra na Literatura - Disponível para consulta na Biblioteca Zeferino Brazil /FECI