Imagem 5: Área administrativa do museu. Fonte: Museu do Inter - Ruy Tedesco.
Imagem 6: Área administrativa. Fonte: Museu do Inter - Ruy Tedesco.
Imagem 7: Área administrativa. Fonte: Museu do Inter - Ruy Tedesco.
Ações emergenciais
Estima-se que cerca de 10% de nosso acervo tenha ficado submerso por uma semana, mas penas uma pequena parte foi danificada de forma irreparável devido ao tempo em que ficaram mergulhados na água. Boa parte desses objetos não são considerados raros e podem ser facilmente encontrados em outras áreas de preservação do clube, como o Arquivo e a Biblioteca.
Com a mobilização de funcionários e voluntários, iniciamos a execução do plano de ação para o resgate do acervo afetado e higienização dos objetos. Além da evacuação do acervo, também adotamos como medida, a avaliação das condições de cada item, procedimentos de secagem e estabilização de objetos submersos, bem como acondicionamento provisório.
Devido à inoperância de aparelhos de climatização, optamos por retirar da exposição alguns itens mais sensíveis à umidade.
Salvamento
Após o resgate, demos sequência ao plano de ação com o tratamento dos objetos afetados, incluindo a higienização, secagem e análise dos danos. Essas etapas ocorreram no Ginásio Gigantinho em espaço cedido, após análise de locais adequados às nossas necessidades.
Quando a energia elétrica foi reestabelecida, os materiais frágeis como documentos e fotografias passaram por etapa de congelamento em equipamento adquirido com urgência. A técnica de congelamento tem como objetivo estabilizar os itens, conter a proliferação de microrganismos e permitir o descongelamento e a desinfecção de forma controlada e gradual.
O congelamento é uma prática recomendada em emergências, especialmente para materiais que absorvem muita água. Para que a técnica tenha êxito, é fundamental que o descongelamento ocorra sob monitoramento técnico, evitando a fragilização ou novos danos aos objetos.
O procedimento está alinhado com as recomendações de instituições internacionais de referência na área, como a International Council of Museums – Committee for Conservation (ICOM-CC), que orienta o congelamento como ação de estabilização temporária para acervos expostos à água. No Brasil, diretrizes indicadas pelo Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM) e pela Fundação Nacional de Artes (Funarte), reforçam a necessidade de planejamento técnico e acompanhamento em todas as etapas de salvamento de bens culturais.
A utilização do congelamento no salvamento do acervo do Museu constituiu uma ação estratégica fundamental para minimizar perdas.
Retorno
Após alguns meses dedicados a obras de recuperação da infraestrutura e ao planejamento logístico, em fevereiro de 2025 retomamos as atividades em nosso espaço original de trabalho. Em março, realizamos o retorno do acervo afetado para guarda nas reservas técnicas. O retorno ocorreu gradualmente para garantirmos boas condições de transporte e acondicionamento do acervo. A participação de toda a equipe do setor foi fundamental para o avanço de mais uma etapa.
Reorganização das reservas técnicas
Um momento desafiador como este, exigiu que fosse pensada uma nova forma de organizar a guarda dos objetos. Após análises, optamos por alocar os acervos mais frágeis na reserva técnica 2, garantindo condições mais seguras.
Nas reservas técnicas 1 e 3, acondicionamos objetos que sofreriam impactos mínimos em caso de uma nova enchente. Essa estratégia integra nosso plano de ação para mitigação de riscos, reforçando a importância da gestão de riscos em museus.
As peças que ficaram submersas receberam uma etiqueta com o status de “objeto sobrevivente”, permitindo sua identificação visual e sinalizando sua resistência durante a catástrofe.
Higienização do acervo
Após a realocação dos acervos, foi realizada a medição completa do espaço útil nas reservas técnicas. Atualmente, estamos conduzindo o arrolamento detalhado do acervo para otimizar o uso do mobiliário técnico, implantar um novo sistema de catalogação e revisar os protocolos de ação em cenários de risco para os bens culturais.
Para nunca esquecer
Em decorrência deste episódio catastrófico para o Museu e o Clube, integramos as memórias ao espaço expositivo. Em dezembro de 2024, foi inaugurada a exposição Marcas da Enchente, em homenagem a todos que colaboraram na retomada do Estádio Beira-Rio e atuaram durante as cheias de maio de 2024.
A enchente de 2024 ficará marcada na memória de todos os colorados, mas também será lembrada como o momento em que o Museu do Inter provou, mais uma vez, que preservar a história vai muito além de guardar objetos: é resistir, reconstruir e seguir em frente com ainda mais força. Seguimos firmes na missão de proteger o passado para inspirar o futuro.
Exposição: Marcas da Enchente